Globalização e expansão da Consciência Planetária
Eu adorei esse texto! Ele faz uma relação entre a globalização político-econômica e a evolução humana rumo à Consciência Planetária.
Ele ainda demonstra com argumentos q esses 2 processos caminham juntos sendo levados pela Expansão de Consciência e pela expansão do universo. Nós estamos hoje no ápice desse processo, de modo q tanto as pessoas ligadas à Consciência Planetária quanto as ligadas à globalização econômica estão no auge do seu desenvolvimento. Mas isso tb gera uma insatisfação e desconforto por parte das pessoas que valorizam os direitos humanos, pq ao mesmo que eles estão evoluídos e anseiam por PAZ e Consciência, se tornando mais sensíveis e com menos resistência a inconsciência e conflitos, as pessoas ligadas a poder e guerra tb estão mais poderosas e destruidoras do q nunca.
Globalização e expansão da Consciência Planetária
Milton Greco
A Física nos ensina que estamos em um universo em expansão e que nós não apenas estamos no universo, dele fazemos parte: portanto nós também somos universo. Assim, a expansão atinge a todos nós, vivos e não-vivos, humanos e não humanos. Atinge também nossos modelos sociais, políticos, e econômicos, nossos comportamentos, idéias e sistemas de pensamento. Em resumo: nos atinge.
Todos estamos em expansão e tendemos para ela impelidos por uma força que a nós transcende. Podemos negá-la ou retardá-la, mas nunca conseguiremos detê-la, pois faz parte da dinâmica universal onde estamos inseridos.
O que não devemos é nos deixar levar inconscientemente por ela se pretendemos participar da construção da nossa História, pois podemos, dentro de determinados limites, redirecionar nosso processo vital em todas as instâncias. E é vivendo esse processo dialético que se manifesta o humano em sua plenitude, oscilando entre o determinismo do processo expansivo e o apelo maior do ser para a auto-condução, esteja ele em nível de indivíduo, grupo, organização ou sociedade, nacional ou internacional. E o humano tem condições de participar da construção do seu destino, da sua História, desde que seja consciente do processo em que está inserido.
Presentemente o planeta se inquieta diante do encontro de dois processos expansionistas: o da globalização econômica, política, social, etc e o da expansão planetária da consciência humana. E, como ambos decorrem da ação do processo expansionista universal sobre o cérebro humano que, como afirma Edgar Morin, é sapiens e demens, consciente e louco simultaneamente, a evolução dos dois processos nem sempre se dá harmoniosamente. Aliás, quase sempre ocorre em dissonância e até em contraposição, determinando um altíssimo custo para a espécie.
Consideremos inicialmente o processo de globalização, com seus aspectos, econômicos, políticos, sociais, etc.
A globalização não é um fenômeno recente, atual, de nossos dias ou dos últimos séculos; pertence ela aos primórdios da proto-humanidade.
A primeira expansão de características globais foi a do próprio homem primitivo que, surgindo há alguns milhões de anos na África Meridional, migrou, espalhando-se hoje por todo o planeta.
A História é rica no relato de processos expansionistas, sobretudo imperiais - e não se conhece um único império com vocação centrípeta. Todos tentaram se expandir na medida de suas possibilidades tecnológicas e das possibilidades impostas pelo seu contexto histórico.
Na Antigüidade, o Império Romano é um dos mais expressivos exemplos da manifestação expansionista. As grandes descobertas européias do final do século XV e do século XVI, que incluíram América, China e Índia no mapa comercial da Europa, são também bons exemplos, pois estabeleceram um contínuo processo expansionista que chegou até aos meados do século XX, influindo em duas guerras mundiais e revelando hoje apenas uma face diferente, onde a força das armas muitas vezes é substituída pela dominação econômico-financeira.
Assim, a globalização atual, que parece à primeira vista um fenômeno novo, nada mais é do que o produto do ancestral expansionismo do sapiens-demens, agora em dimensões deste tempo e com esta tecnologia.
O que de novo existe não é a globalização em si, mas a alta aceleração dos processos históricos, determinando rápidas transformações como a integração mundial das economias, a revolução das comunicações determinando a integração planetária da sociedade do conhecimento, do comércio, do mercado de capitais, das finanças, da integração da produção e dos serviços, com suas respectivas conseqüências sociais.
Paralelamente a esse processo expansionista que determinou o que hoje resumidamente se denomina “globalização”, também está em curso a “expansão planetária da consciência humana”.
O processo expansionista não só determinou novos padrões para as migrações, integração planetária do comércio, novas motivações para guerras e descobertas tecnológicas, mas também, concomitantemente, o desenvolvimento da consciência humana, no processo de apreensão da realidade. Foi um caminho tão expressivo quanto o outro mas não menos significativo.
Desde a Antigüidade o ser humano registra a evolução da trajetória de expansão da consciência da espécie, sobretudo dos seus direitos fundamentais. Iniciando pelas Escrituras Védicas e, evoluindo num processo quase contínuo, passa por Confúcio, Buda, Código de Hamurabi, profetas judeus, sábios árabes, filósofos gregos e juristas romanos, chegando ao Cristianismo com seus santos, padres e filósofos. Perpassa toda a Idade Média expandindo-se, já ao final desta, para a descoberta de novos princípios da convivência social, ampliando os fundamentos da justiça, do Direito e do reconhecimento da dignidade humana. Ressalte-se nesse período o fato ocorrido em 1215, quando os barões ingleses obrigarem seu rei João sem Terra a jurar a Magna Carta, que limitou o poder monárquico. No século XVIII essa consciência se expande e inicia um longo processo de explicitação de direitos humanos em sucessivas esferas de percepção. Iniciando pelos direitos individuais e de reconhecimento da sua respectiva liberdade, na Declaração de Virgínia (USA – 1776) e na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França – 1789). A continuidade do processo se dá nos séculos XIX e XX, onde a consciência humana dos direitos ultrapassa o individual e atinge o social, o econômico o cultural propiciando a luta pela igualdade, que encontram nas reformas sócio-econômicas referidas na Constituição Mexicana (1917) e no ideário da Revolução Russa (1917), seus marcos mais significantes. Mais alguns anos passam e a consciência humana atinge a dimensão internacional, através da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU – 1948), em decorrência das violação ocorridas durante a 2ª guerra mundial e da Declaração Universal dos Direitos dos Povos (Argel – 1976), onde os direitos humanos foram estendidos aos povos e às nações com a configuração do direito à auto-determinação. Mais alguns anos decorrem e a expansão da consciência humana chega ao ambiente, quando se estabelece, através da Carta da Terra (Rio de Janeiro –1992), do Protocolo de Kyoto e da Rio + 10 (Africa do Sul – 2002).
Como se percebe, os dois processos expansionistas, o da globalização sócio-político-econômica e o da expansão planetária da consciência humana (sobretudo em relação aos seus direitos fundamentais) evoluíram juntos, podendo-se mesmo dizer que hoje estamos diante do encontro de ambos, confluentes neste início de século. Entretanto, o que deveria ser motivo de entusiasmo passa a ser de apreensão, porque o direito que todos nós temos ao desfrute do Século XXI, que faz parte da consciência da humanidade, está longe de se tornar uma realidade.
Embora a versão sapiens da humanidade tenha atingido um alto grau de consciência individual e coletiva, ambiental e planetária, a sua face demens, agora globalizantemente ensandecida, tenta construir o mais injusto dos mundos com as mais sofisticadas tecnologias.
Na verdade, se tomada isoladamente ou descontextualizada historicamente, a globalização possibilita pouco além do revestimento de novo o velho, ou o que é pior, o de sempre: uma explicação nova para a dominação dos segmentos centrais do poder planetário sobre os países periféricos, numa “versão globalizada” do velho imperialismo.
É o velho apresentado como novo, pois os resultados são os mesmos. Enquanto, de um lado, se convencem os países periféricos a seguir os ditames de Aspen ou do Consenso de Washington, abrindo suas economias, os países centrais protegem as suas com taxas alfandegárias protecionistas e subsídios agrícolas, como ficou evidenciado em 1997 nas reuniões da ALCA (em Belo Horizonte) e do G7 (em Denver).
O processo de globalização, visto como uma conseqüência do expansionismo universal é inexorável. E após o final da década de 80, quando se deu o fim do socialismo real e a globalização tornou hegemônicas as regras do modelo capitalista por todas as latitudes do planeta, a questão se tornou mais aguda, pois está sob controle do lado demens do homo. Cabe portanto, aos que acreditam na expansão da consciência humana, trabalhar para que, dentro do inexorável se possa encontrar espaço para que não se desproteja a sociedade dos países periféricos, para que não aumentem as “ilhas de prosperidade em oceanos de pobreza”, que hoje proliferam em quase todos os países submetidos a esse modelo também demens.
O caráter nacional de cada povo é que deve moldar as suas instituições e não estas moldarem o caráter do povo, principalmente quando refletem interesses importados das organizações formais dos países centrais. O espaço é exíguo pois tem de ser encontrado dentro do modelo capitalista hegemônico e único tornando a tarefa difícil de realizar, principalmente nestes tempos de enfraquecimento do Estado Nacional.
Mas há que se respeitar e ajudar a desenvolver no povo também o grau de consciência compatível com os nossos tempos, sobretudo aquele que leva à organização dos diversos segmentos da Sociedade Civil para lutar por seus direitos.
A inquietude que hoje se espalha pelo planeta tem muito a ver com o descompasso entre os dois processos expansionistas, o da globalização e o da expansão planetária da consciência humana, pois não se pode desenvolver produtos, tecnologia, informação, cultura e negar direitos fundamentais, pois o ser humano informado tem seu grau de consciência ampliado e este exige o respeito a direitos. E ao não se respeitarem os direitos estabelece-se o conflito e aí começa-se a falar em invasões, agitações, crime organizado, segurança e outros subprodutos.
(O presente artigo faz parte das pesquisas do Projeto Plural, da Escola de Jornalismo e Editoração da ECA/USP, tendo sido publicado no livro Planeta Inquieto em 1998, com o título “Um universo em expansão”. Sua nova denominação deve-se ao fato dele ter sido atualizado para a publicação no site Observatório Social (http://www NULL.observatoriosocial NULL.com/) em 2004)
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