A Carta da Terra na perspectiva da Educação
Esse texto é bem parecido com outros q já publiquei, e inclusive o tom real de Consciência Planetária existente nele é bem ínfimo. Mas resolvi mesmo assim incluir esse texto por ele ser mais voltado aos professores.
Como sempre, professores estão atrasados e seguindo conceitos ultrapassados, mesmo ao lidar com idéias mais "inovadoras", por isso resolvi relevar a baixa qualidade em relação aos outros textos do site e colocar esse realmente apenas como um puxão de orelha pros professores, pra q entrem logo na área da Consciência Planetária e recuperem logo o tempo perdido, mesmo q seja pra ficarem apenas no essencial do básico. Ainda seria melhor do q nada.
A Carta da Terra na perspectiva da Educação: a educação como instrumento transformador de paradigmas
Flávio Boleiz Júnior (http://www NULL.forumeducacao NULL.hpg NULL.ig NULL.com NULL.br/ecopedagogia/cartaterra_1 NULL.htm)
GRUTEUSP - Faculdade de Educação - USP
A educação é ferramenta primordial na construção de uma sociedade planetária sustentável. Sem a perspectiva da sustentabilidade não podemos sequer sonhar com a possibilidade de vida no nosso planeta num futuro que não se encontra tão distante de nossos dias.
Entendida a Educação como a apropriação da cultura humana produzida historicamente
(Paro - 2001) pela totalidade dos homens e mulheres que vivem e que já viveram em nosso planeta, como devemos compreender qual a forma como essa educação poderia vir a ser alavanca de transformação da sociedade?
Utilizando o termo sustentabilidade como sinônimo de conservação, reposição, equilíbrio e perseverança, deduzimos que ele signifique, conseqüentemente, condição sine qua non de sobrevivência.
Uma economia voltada para o extrativismo desenfreado dos recursos que a natureza nos oferece, de maneira predatória e determinante da extinção de diversos itens de nossa biodiversidade, tende a destruir as fontes de sua perpetuidade. O desenvolvimento a qualquer custo está fadado à sua própria destruição. Não é mais possível pensarmos em “crescer” economicamente sem repensarmos o modelo de crescimento de modo a garantirmos essa sustentabilidade de que estamos tratando aqui, pois como nos apontam Gutiérrez e Prado (1999), o desafio da sociedade sustentável de hoje é criar novas formas de ser e de estar neste mundo. Para isso, é preciso superar os falsos valores que estão na gênese e no crescimento da sociedade ocidental e sua cultura
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Na condição de educadores, devemos procurar embasar nosso trabalho na sala de aulas no alicerce formado pelas possibilidades de sustentabilidade em todos os âmbitos de nossa sociedade. Esse trabalho se opera através de iniciativas que vão desde ações e atitudes mais simples, até labores mais complexos que operamos em nosso dia-a-dia. São os pequenos detalhes que exemplificam nossas atitudes, tais como o aproveitamento de papel até suas extremas possibilidades, não desperdício de giz, uso adequado da energia elétrica e da água, valorização do simples nos materiais de consumo. Esse novo paradigma de sustentabilidade para o mundo que desejamos apresentar aos educandos deve, primeiramente, ser o nosso paradigma pessoal.
Mesmo aquelas ações mais específicas de nossa função de educadores, se pautadas numa filosofia voltada para o que é sustentável, assumem caráter crucial no desempenho de nossa função de formadores de cidadãos com uma |Consciência Planetária, respeitadora da diversidade social que forma a totalidade da espécie humana e da biodiversidade que compõe o ecossistema Terra.
Escolha de material didático ético e de qualidade, atenção para com os portadores de necessidades especiais, tratamento não discriminatório de alunos com comportamentos diferentes em decorrência de suas opções religiosas ou sexuais, origens étnicas, culturais e de gênero; são passos importantes na construção de um novo paradigma voltado para essa sustentabilidade planetária que equilibre as relações do homem com a natureza e do homem com os outros homens.
Todas essas atitudes que o professor pode e deve assumir como práticas cotidianas de seu trabalho escolar, devem passar também pela sua escolha de modo de vida, de maneira que não transpareçam um ar de falsidade moral e ideológica. O mestre deve falar (teorizar) sempre com base em sua própria vivência (práxis).
A autoridade do educador deve se legitimar à medida em que se apóie na certeza que seu aluno adquira diante da honestidade de atitudes daquele que lhe ensina, lhe instrui.
Essas pequenas e grandes atitudes vão formando um construto importante na elaboração de uma nova consciência desencadeadora de valores morais pessoais, comunitários e sociais, pautados nas possibilidades de vida sustentável, não degradadora e não destruidora: uma ética sustentável a apoiar uma consciência ecológica na acepção mais plena que esse termo possibilita – já que a palavra “ecologia” vem do grego oikoi – oikói - e significa, em última instância “casa”; e a Terra é a nossa casa; a casa de todos os homens.
A Carta da Ecopedagogia (UNESCO – 1999), em seu item três, nos admoesta: A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta da educação. A sustentabilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o(a) educando(a) e também para a saúde do planeta
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Uma consciência baseada nesses valores garantirá, pouco a pouco, construirmos um novo modelo de mundo que vá ao encontro de nossas escolhas mais éticas e justas para a Humanidade planetária – filha, toda ela, da mesma Mãe Terra – mais digna e igualitária. É dever do educador ensinar esses valores aos educandos e isso só é possível quando o que se ensina tem sentido. Na apresentação do livro Ecopedagogia e Cidadania Planetária (Gutiérrez e Prado – 1999), a Coordenadora do Programa de Cidadania Ambiental Global – PNUMA, Alicia Bárcena, corroborando com essas idéias, afirma que: A essência do ato educativo é o acontecer dinâmico das lutas cotidianas e que a vida cotidiana é o lar do sentido. Não são os conhecimentos, as informações e nem as verdades transmitidas através de discursos ou leis que dão sentido à vida. O sentido se tece de outra maneira, a partir de relações imediatas, a partir de cada ser, a partir dos sucessivos contextos nos quais se vive.
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Se as mudanças no âmbito das políticas educacionais em nosso país ocorrem sempre “de cima para baixo” objetivando a manutenção do status quo, nossas atitudes com relação a uma visão de mundo sustentável devem partir das bases e caminhar “para cima”; de modo a tocar o legislador e o governante, fazendo eles verem, perceberem, a necessidade dessa mudança radical do paradigma educacional como garantia da transformação de mundo que se pode operar a partir da conscientização da sociedade através de múltiplos meios, dentre os quais, a educação.
Conteúdos curriculares pensados especificamente para terem sentido e para contribuírem com a apreensão por parte dos educandos de um saber conectado à saúde do planeta como um todo, dentro de um caráter sócio-ambiental mais justo e ético, são essenciais para a construção de uma perene sustentabilidade.
Somos educadores e a tarefa que nos aguarda é grande e difícil. Mas que deliciosa já é a simples antevisão da vitória diante das mazelas que o mundo nos tem tentado impor!
BIBLIOGRAFIA
GUTIÉRREZ, Francisco & PRADO, Cruz., Ecopedagogia e Cidadania Planetária, Cortez, São Paulo, 1999 (Guia da Escola Cidadã – Instituto Paulo Freire).
PARO, Vitor Henrique., Gestão Democrática da Escola Pública, Ática, São Paulo, 2001.
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